quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Desintoxicação

Desde o início do nosso estágio que permanece inalterado um elemento que, apesar de não ter sido notado nos primeiros tempos, foi-se tornando um hábito insuportável. Não me refiro aos calafrios que sentimos na espinha sempre que esguichamos metade do conteúdo das seringas à frente do Cujo-Nome-Não-Pode-Ser-Pronunciado, antes mesmo de o injectarmos nos animais; ou na tremideira que toma de assalto as nossas mãos (qual sismo de 7,0 na escala de Richter provocado por epicentro no cirurgião mais perto de nós) quando somos pressionados por um treinador velocista a suturar os 100 metros barreiras e, no fundo, no lugar de pés, temos um par de barbatanas desengonçadas que se enrolam uma na outra mal damos três passos em chão de areias movediças. Refiro-me sim, à constante, enfadonha, detestável, infernal, odiosa RFM. Já não há paciência para ouvir as mesmas 10 músicas ao longo do dia todo. Até parece que o panorama musical (nacional e internacional) se resume àquelas 10 musiquetas de cortar pulsos e de espetar bisturis nas tripas dos mais incautos.

Meu Deus! O André Sardet que vá daqui à Lua mas que fique por lá e não volte, e no caso de ele voltar, tenho aqui uma biqueira com turbinas espaciais capaz de o lançar a Mach 5 para o sítio de onde ele veio. A Ana Free(gida) que arranje gajo em vez de passar o dia todo fechada no quarto a fazer músicas e a azucrinar a cabeça dos vizinhos e dos ouvintes das rádios portuguesas. E a Brandi Carlile, se quer cantar as histórias dela às pessoas, que vá para o Bairro da Quinta da Fonte e as cante à beira de uma fogueira rodeada pelos ciganos que lá moram. Com sorte, sairia de lá apenas com duas ou três facadas no bucho e ainda ganharia uma voz completamente diferente. Ok, de cada vez que cantasse cuspiria umas gotinhas de sangue, mas seria uma novidade total. Nunca ninguém teria escutado a voz vinda de uma pessoa com as cordas vocais estilhaçadas por uma naifa comprada na feira de Carcavelos.

Já tentámos fazer o desmame da rádio mas o grau de viciação é de tal ordem que ainda não encontrámos uma combinação de rádios suficientemente forte para enganar os doutores que lá trabalham. Tentámos o efeito sinérgico de uma MegaFM com os ritmos brasileiros e uma kizombada da Capital mas sem resultados aparentes. Continuaremos a tentar a desintoxicação, mas esta avizinha-se difícil.

4 puseram o dedo na ferida:

Rita disse...

Eu sugeria aos senhores doutores uma festança na Faculdade de Medicina Veterinária para curar as mazelas que os ouvidos sofreram... Ah, mas pode lá ser, há uma amanhã!!! xD
Beijinhos prós meninos!

Anónimo disse...

Bom, amarrados existem em todo o lado! Seja como for, concordo com o desabafo, até porque alguma abertura para outras ondas musicais só pode enriquecer o quotidiano das pessoas. Depois, também estou com pena dos bichos porque, têm que gramar sempre com o mesmo. Cuidado, porque até podem mudar de médico!

Hariska disse...

LOL o ódio que a RFM arranjou nessa clínica!

Anónimo disse...

Mas têm muita sorte, porque na altura em que eu ocupava o vosso lugar, demos por nós a ouvir a missa da rádio renascença, enquanto o dono debitava a história clínica do seu bicharoco! Nessa altura, tinha agradecido a presença de um andré sardet ou de umabrandie carlile!!!! Bjinhos Inês